2ª Entrevista com Ex- Combatente

 

 No dia 05 de abril de 2011, nossa equipe foi até o bairro de São Cristóvão em Salvador-ba, fazer uma entrevista com o ex-combatente da FEB: Manoel Alves de Oliveira.
Senhor Manoel nasceu em 29 de novembro de 1923 na cidade de Senhor do Bonfim-ba. Aos 18 anos foi para Salvador onde se registrou e se alistou para o exército.
Ele afirma que seu sonho era ser militar, e após 15 dias de alistado foi convocado para a guerra. Para ele, a ideia de ir para guerra não lhe trazia medo algum porque para muitos, seria uma forma de enriquecer se vencesse. 
Embarcou para o Rio de Janeiro em 23 de junho de 1944, em um navio pequeno e lotado. Os convocados ficaram uma semana sem se alimentar no navio; 
'' Minha vontade e a de muitos ali presentes era de se jogar no mar '' - Disse o senhor Manoel.
Ao chegar no Rio de Janeiro, foram enviados para a vila militar de trêm '' Ninguém viu a cor do dinheiro e nem o cheiro da comida. '' - Disse.
Tomavam banho frio 4 horas da manhã e o grupo de 50 homens recebiam apenas 4 pães para dividirem entre eles no café da manhã.
Ficou 18 dias fazendo treinamento de artilharia em Taubaté  e mais 3 semanas de treinamento prático para ser enfermeiro, como já havia trabalhado como assistente de dentista em sua cidade natal, se identificava com o cargo. A escolha para o cargo era muito rigorosa e apenas 10 homens foram para o campo de concentração. '' Quando cheguei lá, fui apelidado de Baianinho ''.
Um oficial inglês ao ver todos aqueles brasileiros inexperientes disse '' Para que esses homens vieram? Para ser bucha de canhão?''.
Segundo o sr. Manoel, o combate mais dificil foi em Montese. Passou 9 dias em combate, sem dormir, sem se alimentar, sem beber água, '' Eu não sentia nada, minha única vontade no momento era de ajudar qualquer um ferido.'' 
  Os enfermeiros não tinham armas para se defenderem de qualquer ataque inimigo, apenas tinham ordens para socorrer qualquer pessoa independente de ser aliado ou não.  Os combatentes eram socorridos no momento em que aconteciam as batalhas e levados para os postos médicos num jipe. Ajudou um sargento Alemão que encontrou sem os membros inferiores e superiores e anos depois ficou sabendo que ele estava bem.
'' Várias vezes já estive diante da morte, uma vez o posto de saúde que eu estava trabalhando foi explodido por uma granada, e eu fui o único sobrevivente.''
E quando conquistou a vitória, sentou em um lugar tranquilo para descansar com seu grupo '' Estou no paraíso, se morrer, eu vou para o céu.''
Com o final da guerra, todos os combatentes que sobreviveram foram prestigiados pelo povo Italiano. Um oficial americano levararam-os para conhecer toda Itália. '' Foi a melhor viagem da minha vida, fiquei nos melhores hotéis Italianos, conheci Roma, o Vaticanos e muitas italianas'' - Disse o sr. Manoel rindo.
Ao chegarem no Brasil, enfrentaram uma tempestade, mas, o porto em Recife onde desembarcou estava lotado de pessoas e todas desejavam ver os combatentes. Muitos dentro do navio não acreditavam que finalmente voltaram ao Brasil.
'' Eu estava no quartel em recife e fiquei observando um canhão, pensei: Uma arma dessa foi feita para matar um homem. A partir daí meu corpo começou a tremer e não parou mais.'' - Ele teve problemas no sistema nervoso e ficou meses em uma clínica psiquiárica, essa foi a sua sequela da guerra.
Afastado definitivamente do exército, procurou trabalhos e em vários lugares teve a resposta: '' Aqui não trabalha maluco. ''
Finalmente conseguiu trabalho num instituto de freiras em São Paulo e lá trabalhou até o exército promover os ex-combatentes para Sargentos e receberem salários de aposentados depois voltou para Salvador.